Resolvi escrever este texto para compartilhar com todos a magia das páginas do passado. Começando este trabalho não da para imaginar o que está por vir nem o quanto posso aprender com este projeto. Com certeza estarei aprendendo muito, e espero com este blog ir descobrindo as cortinas de um passado, que seja de interesse real e de muito conhecimento de uma época extremamente mágica. Meus agradecimentos. Vicente Aparecido do Amaral

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

HISTÓRICO DAS FERROVIAS DO BRASIL


HISTÓRICO




1854


Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, empresário e empreendedor, inaugura a primeira ferrovia do Brasil, ligando a Raiz da Serra de Petrópolis ao Porto Mauá na Baia da Guanabara, Rio de Janeiro.

1867
É inaugurada a São Paulo Railway Company, depois Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, ligando o interior de São Paulo ao Porto de Santos, para transportar a produção de café do interior do estado paulista para exportação. Mauá participou da construção da ferrovia, mas foi excluído pelos sócios ingleses antes mesmo de sua inauguração.

1868

Um grupo de fazendeiros resolve criar a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, ligando Jundiaí à Campinas

1872
Um outro grupo de fazendeiros resolve criar uma ferrovia para propiciar o escoamento da produção de uma das regiões mais produtivas do estado de São Paulo, a região de Mogi-Mirim e Amparo.

Assim, em 21 de março a lei provincial nº 18 dá origem a Companhia Mogyana de Estradas de Ferro, com sede em Campinas.

O trecho inicial da concessão ia de Campinas à Mogi Mirim (na época Mogy-Mirim), havendo também um ramal entre Jaguariúna (na época Jaguary) e Amparo, todas as cidades localizadas na província de São Paulo.

Esta mesma lei concedia o prolongamento da linha até às margens do Rio Grande, passando por Casa Branca e Franca. O objetivo da estrada de ferro era, entre outros, transportar café e gado, concedia também o privilégio de zona e garantia de juros de 7% sobre o capital investido, na época 3.000:000$000 (três milhões de contos de réis). Também concedia o privilégio, sem garantia de juros para o prolongamento da linha até às margens do Rio Grande, passando por Casa Branca e Franca.

Os fundadores da Companhia foram: Antônio de Queiroz Telles (Barão, Visconde e Conde de Parnaíba), família Silva Prado e José Estanislau do Amaral, entre outros grandes plantadores de café. Fazia parte também o Barão de Tietê presidente da Companhia União Paulista (empresa de seguros).

A primeira reunião de acionistas ocorreu em 1° de julho, no Paço da Câmara Municipal de Campinas quando foi constituída a primeira diretoria, composta provisoriamente por: Antônio de Queiroz Telles, Tenente Coronel Egídio de Souza Aranha, Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra (Barão de Jaguara), Capitão Joaquim Quirino dos Santos e Antônio Manoel de Proença.

O projeto de construção e organização foi concluído em 2 de dezembro, que foram aprovados em junho do ano seguinte.

Em agosto, é inaugurada a Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

1873

Em 30 de março , esta a mesma diretoria é eleita definitivamente na Assembléia Geral.

Em 19 de julho, é firmado emitido o contrato com o Governo Provincial.

Em 28 de agosto inicia a construção da estrada de ferro.

O decreto imperial n° 5.137 de 13 de novembro, concede a autorização para Companhia funcionar e aprova seus estatutos.

1875

Em 3 de maio inaugura o primeiro trecho de 34 km da linha tronco, entre Campinas e Jaguariúna.

Em 27 de agosto inaugura, com a presença de Dom Pedro II, o segundo trecho de 41 km da linha tronco, entre Jaguariúna e Mogi Mirim.

15 de novembro inaugura o ramal de Jaguariúna à Amparo, com 30 km de extensão.

1878
Em 14 de janeiro linha tronco chega a Casa Branca e totaliza 173 km.

1880
Após longas discussões com os representantes da Província de São Paulo, do Governo Imperial e da Companhia Paulista, obtém o privilégio de estender seus trilhos até Ribeirão Preto, desviando a linha tronco de seu curso original.

1882
Em 30 de junho é inaugurado o ramal da Penha (Itapira).
1883
Em 23 de novembro a linha tronco chega a Ribeirão Preto e totaliza 318 km.
1887
Em 11 de abril os trilhos da linha tronco chegam a Franca.
1888
A Mogyana transpõe o Rio Grande, divisa das Províncias de São Paulo e Minas Gerais.

Fusão com a Companhia Ramal Férreo do Rio Pardo, que interligava Casa Branca à São José do Rio Pardo.

Inicia também o serviço de navegação no Rio Grande, passando a se chamar Companhia Mogyana de Estradas de Ferro e Navegação.

1889
Em 23 de abril a linha tronco chega a Uberaba-MG e completa 613 km de extensão.

Em 31 de julho é inaugurado o primeiro trecho do ramal de Mococa, trecho Casa Branca - Engenheiro Gomide.

1890
Em 2 de março é concluído o ramal de Amparo, quando os trilhos chegam em Monte Alegre.

Em 18 de março é concluído o ramal de Mococa, com a inauguração do trecho Engenheiro Gomide - Canoas.

1892
Em 28 de março é concluída a construção do ramal de Serra Negra.
1895
Em 21 de dezembro a linha tronco alcança Uberabinha-MG (Uberlândia), totalizando 744 km.
1896
Em 15 de novembro a linha tronco alcança Araguari-MG, totalizando 789 km. A concessão permitia que as linhas da CM chegassem a Catalão-GO, contudo devido aos contínuos deficits operacionais, desistiu de construí-lo, transferindo seus direitos para a Estrada de Ferro Goyaz.

1897
É aprovado pelo Governo Federal/Estadual a construção da Linha de Santos, contudo os esforços da São Paulo Railway para garantir seu monopólio são imensos, inclusive comprando a Estrada de Ferro Bragantina em 1903 para "bloquear" a passagem da linha pela região de Camanducaia, assim conseguindo inviabilizar a construção. No fim dos anos 20 o projeto é totalmente cancelado.

1898
Em 1° de agosto é concluída a construção do ramal de Itapira, quando os trilhos chegam em Sapucaí-MG

1899
Em 1° de agosto é inaugurado o primeiro trecho do ramal de Igarapava (Entroncamento-Amoroso Costa).

Nesta mesma data é inaugurado o primeiro trecho do ramal de Sertãozinho (Ribeirão Preto - Sertãozinho)

1903
Inaugura seu complexo de oficinas em Campinas.

Inauguração em 1° de abril do primeiro trecho do ramal de Guaxupé, entre Ribeiro do Valle e Itahyquara.

1904
Uma comissão é formada para avaliar a situação das estradas de ferro Paulista e Mogiana, propor um plano de fusão e ainda adquirir a Estrada de Ferro Sorocabana. Esta comissão fora formada por Alfredo Maia, representando o Gov. do Estado de São Paulo, Antonio Carlos da Silva Telles, pela CM e Adolpho Augusto Pinto, pela CP. O relatório foi entregue ao Governador do Estado, na época Jorge Tibiriça e aos representantes das companhias. O plano foi rejeitado pelos acionistas de ambas as empresas, nas assembléias de 1905.

Em 1° de abril é inaugurado o trecho Itahyquara - Julio Tavares do ramal de Guaxupé e em 15 de maio em concluído.

1906
Em 25 de novembro é inaugurado mais um trecho do ramal de Sertãozinho (Sertãozinho - Francisco Schimidt)

1908
A Mogiana inicia a montagem e fabricação de locomotivas a vapor. Vide o ano de 1922.
1909
São adquiridos os direitos para construir e explorar as linhas referentes à Rede de Viação Sul Mineira.

Em 21 de abril é concluída a construção do ramal de Socorro.

1911
Tomada do primeiro empréstimo na Inglaterra, para custear o projeto e a construção da linha de Santos e do Sul de Minas.
1912
Em 23 de junho é inaugurado o primeiro trecho do ramal Guaxupé-Passos.
1914
Tomada do segundo empréstimo na Inglaterra.

Em 3 de maio é concluída a construção do ramal de Sertãozinho, com a inauguração do trecho Francisco Schimidt - Pontal, totalizando 42 km.

1915
Em 3 de outubro, é concluído o ramal de Igarapava na época Santa Rita do Paraizo.
1921
Em 11 de dezembro é concluída a construção do ramal Guaxupé-Passos. Este foi o último ramal construído pela CM, a partir desta data ocorreram somente retificações de traçado da linha tronco.

1922
A locomotiva à vapor de manobra 807, fabricada pela CM, recebe um dos sete Grandes Prêmios da Exposição do Centenário da Independência que se realizou no Rio de Janeiro.

1923
Devido a desativação de serviço de navegação no Rio Grande, volta a se chamar somente Companhia Mogyana de Estradas de Ferro.

1926
Governo do Estado de São Paulo, permite a unificação da administração das linhas. Até então havia a divisão administrativa das linhas, divididas em: Tronco e ramais; Linha do Rio Grande e Ramal de Caldas; Linha do Catalão; Ramal de Guaxupé; Rede de Viação Sul Mineira.

É entregue ao tráfego a variante Anhumas-Tanquinho, primeiro trecho retificado na linha tronco.

1929
A crise mundial e depois o declínio da exportação de café, faz com que a Mogiana tenha cada vez mais redução de suas receitas, que associado ao alto custo da dívida externa ela fica sufocada financeiramente, fazendo com que seus equipamentos e linhas fiquem obsoletos, provocando ainda mais a fuga das cargas e passageiros das linhas.

1936
É fundada a Companhia Mogiana de Transportes, mais tarde Rodoviário da Cia. Mogiana.
1937
O nome da Mogyana passa a ser grafado com I.

A CM constroi sua primeira automotriz.

1940
A CM nacionaliza sua dívida externa, com isso consegue se livrar da pressão exercida pela variação cambial.

1945
É entregue ao tráfego na linha tronco a variante Tanquinho-Guedes.

São compradas as últimas 12 locomotivas a vapor, da fábrica Baldwin Locomotive Works.

1948
É entregue ao tráfego na linha tronco a retificação do traçado compreendendo Rodolfo Paixão-Mangabeira, retirando da região central de Uberaba os trilhos da estrada de ferro.

1951
É entregue ao tráfego na linha tronco a variante Lagoa Branca-Tambaú.

Uma parte da antiga variante, torna-se o ramal de Baldeação (Cel. Corrêa - Baldeação)

1952
Governo do Estado de São Paulo, gestão de Lucas Nogueira Garcez, adquire a maioria das ações da CM. Na época foram avaliadas diversas alternativas de solução para o problema, sendo que duas hipóteses foram a transferência da admnistração para a CP ou ....

Inicia o processo de dieselização com aquisição das primeiras locomotivas diesel-elétricas GE-Cooper Bessemer, .

1956
São fechados os ramais considerados deficitários, iniciando pelos de bitola de 60 cm, Serra Negra, Cravinhos e Jandaia.
1957
O governo federal cria através da lei 3.115 de 16 de março a Rede Ferroviária Federal, unindo 18 estradas de ferro.

são compradas mais 30 locomotivas EMD-GM, modelo G.12

1959
CM inicia a fabricação de carros de aço carbono.
1960
A CM compra mais 23 locomotivas GM-EMD, modelo GL.8.
1961
A CP é adquirida pelo Governo do Estado de São Paulo, gestão Carvalho Pinto.

São desativados os ramais de:

O trecho Mococa - Canoas do ramal de Mococa, de Biguatinga (Guaxupé-Biguatinga), de Vargem Grande (Lagoa Branca-Vargem Grande) e Pinhal (Mogi-Guaçú-Espírito Santo do Pinhal)

1964
É entregue ao tráfego na linha tronco a variante Bento Quirino-Entroncamento (entre Ribeirão Preto e Jardinópolis).
1966
O Trecho Ribeiro do Valle - Mococa é desativado, o trecho remanescente torna-se parte do ramal de Guaxupé.

Parte do ramal de Cajurú é desativado (Amália-Cajurú).

O ramal de Tuyuty (Juréia) é desativado.

O ramal de Monte Alegre do Sul é desativado.

O ramal de Socorro é desativado.

1967
Os trens da CM passam circular regularmente até Goiânia.

são adquiridas as últimas locomotivas diesel-elétricas, que totalizaram 89 unidades, incluindo as LEW procedentes da Alemanha Oriental e as ALCO, repassadas pela Paulista.

Pelo Decreto n.º 48.029, de 29 de maio de 1967, a Estrada de Ferro São Paulo e Minas foi transferida para a administração da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro e, mais tarde, pelo Decreto – Lei de 19 de setembro de 1969, foi transformada em sociedade de economia mista a fim de possibilitar a sua incorporação à FEPASA, em 11 de novembro de 1971.

O ramal de Cel. Corrêa - Baldeação é desativado.

O restante do ramal de Cajurú é desativado.

O ramal de Amparo é desativado.

1968
Em 21 de abril, inaugura o serviço de transporte de passageiros para Brasília-DF, que passam a correr regularmente a partir de 15 de dezembro. Chamado de Bandeirante, este trem utilizava carros Budd-Mafersa adquiridos da Estrada de Ferro Sorocabana.

A empresa francesa Sofrerail, é contratada pelo Governo do Estado e Companhia Paulista para avaliar e propor as bases da fusão das Estradas de Ferro em uma única empresa.

1970
Devido a construção da represa de Jaguara, a ponte sobre o Rio Grande que pertencia a linha tronco original foi submersa. A antiga linha tronco, que já havia perdido esta condição, é seccionada em dois ramais, Entroncamento-Rifaina e Amoroso Costa-Jaguara.

1971
Em 10 de novembro de 1971 pela Lei n.º 10.410/SP, o Governo do Estado de São Paulo unifica as ferrovias paulistas: Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro Sorocabana, Estrada de Ferro Araraquara, Estrada de Ferro São Paulo - Minas (desde 1967 sob administração da CM) e a Mogiana, criando-se assim a Fepasa - Ferrovia Paulista S/A.

1973
Liberada ao tráfego a variante Omega-Araguari construída pelo 11° Batalhão de Engenharia de Construção, na época 2° Batalhão Ferroviário, conhecido com Batalhão Mauá, destacando-se duas obras de arte, o viaduto do Fundão, com 660 metros de comprimento e altura máxima de 87 metros e a ponte sobre o Rio Araguari com 685 metros de comprimento.

Liberado ao tráfego de trens de passageiros, na linha tronco, as variantes Tambaú-Bento Quirino e Boa Vista-Guedes.

1974
Fepasa encomenda à GE um lote de 110 locomotivas U20C de bitola métrica, para reforçar o parque de tração.
1976
O ramal de Itapira é desativado.

A Fepasa lança o projeto para eletrificação do Corredor de Exportação Uberaba-Santos.

1977
Os trens para Brasília são suprimidos.
1978
O ramal de Casa Branca - Passos é desativado.
1979
Entregue ao tráfego na linha tronco, a variante Entrocamento-Amoroso Costa.
1981
Volta a circular um trem semanal de Campinas à Brasília, contudo não são mais utilizados os carros de aço inox Budd 800 e sim os de aço carbono da Rede Ferroviária Federal.

A partir do final dos anos 80, a Fepasa inicia a eletrificação do trecho Campinas-Ribeirão Preto, abandonando o projeto em 1995. O trecho Boa Vista – Casa Branca tem a sua parte fixa concluída, faltando o trecho Casa Branca – Ribeirão Preto.

1990
Corre o último trem de Campinas à Brasília.
1992
Rede Ferroviária Federal é incluída no plano nacional de desestatização.
1995
Paralisação da execução do projeto de eletrificação.
1996
A Malha Centro-Leste da Rede Ferroviária Federal é desestatizada, dando origem à Ferrovia Centro-Atlântica.
1997
O último trem de passageiros corre em 10 de setembro.
1998
Na gestão do governador Mario Covas, em 18 de fevereiro, a Fepasa é incorporada à Rede Ferroviária Federal, como parte do pagamento da grande dívida contraída pelos governos estaduais anteriores.

Em 10 de novembro, é arrematada em leilão pelo consórcio formado pela Ferroban - Ferrovias Bandeirantes S/A.

1999
Ferroban assume em 1° de janeiro. A exploração da linha vai até Aramina, desta estação até Araguari a exploração fica por conta da FCA - Ferrovia Centro-Atlântica.

A CVRD - Companhia Vale do Rio Doce assume o controle acionário da FCA.

2002
A FCA assume totalmente a exploração das linhas da CM, de Boa Vista Nova (Campinas) à Araguari.

As oficinas de Campinas não são transferidas para a FCA, permanecendo com a Ferroban.

É criada a Brasil Ferrovias, que assume o controle da Ferroban, Novoeste e Ferronorte.

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